quinta-feira, 4 de março de 2004

O vício do mamanço


Penso que alguns de vós já devem ter conhecimento do diferendo que opõe a Câmara Municipal de Braga e o arquitecto Souto Moura, o mentor do projecto do novo Estádio Municipal de Braga.
Para os que não estão a par, aqui vai:
O Sr. Arquitecto Souto Moura celebrou um contrato com a autarquia de Braga que estipulava os seus honorários nuns 'míseros' 3,5 milhões de Euros para a realização do projecto do Estádio Municipal de Braga. Após a sua construção, o dito 'artista' pediu uma rectificação nos seus honorários...para mais, claro está!! Isto apesar de o seu contrato estipular que o valor dos honorários não seria indexado ao valor total da obra, razão pela qual a Câmara deu carta branca ao arquitecto para pedir o montante que entendesse (os tais 3,5 milhões de €).
Até aqui tudo bem. Mas o cerne da questão está no que figura no nosso querido Diário da República (projecto lei) para estes casos: um projecto com estes valores está sujeito a concurso público INTERNACIONAL. Em contrariedade, a autarquia adjudicou directamente ao dito arquitecto alegando 'motivos de aptidão técnica ou artística'. Ora para isso a Câmara teria que provar que o Sr. Souto Moura era a única pessoa no MUNDO capaz de realizar o dito projecto, o que, não tirando o mérito à pessoa em questão, me deixa imensas dúvidas.
Relatada a história, vou tomar a liberdade de traduzir tudo isto para um português mais 'corrente':
A Câmara de Braga decidiu dar de 'mamar' ao Sr. Arquitecto Souto Moura. Aliás chegou ao ponto de deixar este Sr. estipular QUANTO é que queria 'mamar'!! Agora e visto que o estádio em questão foi na realidade muito mais caro que o inicialmente previsto, (sofreu o maior derrapanço orçamental de todos - de 31 milhões passou para 71 milhões de Euros, ou não fosse uma obra à portuguesa) quer ganhar ainda mais!! Alguém devia avisá-lo para ter cuidado: é que de tanto querer 'mamar' pode-se engasgar...
E é assim que se constata (cada vez mais) que no nosso país vigora o vício do mamanço...quanto mais têm mais querem. É como diz aqui um colega de trabalho: "O tempo verbal é no gerúndio: MAMANDO!!"

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